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Poesia - 1 de Junho

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Que força é essa capaz de afastar as tempestades que me invadem?
Que brilho é esse que cega mais que a luz de mil sóis a consumir estrelas que á muito já morreram e jazem sepultadas pelas trevas do espaço infindo?
Que paz é essa que acalma e faz calar multidões de vozes  que bradam dentro de mim,transformando tudo em calma e silêncio?
Que presença é essa que congela o tempo,as estações,que impede que a terra continue com seus ciclos e que imobilizam as forças que movem constelações e universos sem cor ?
 
Que enfeita os campos traz tom e perfumes as flores antes mortas?
Que traz á vida todos aqueles desgraçados que sofreram em holocaustos provocados por corpos sem espírito e sem luz?
Que poder é esse que transubstancia o vinho em carne, que modela seres sem nome em lugares que o homem nem ousa sonhar?
Que força é essa que cria e destrói de amores anjos que nasceram sós, para amar por um momento e depois não mais
 
Ó criatura carnal que vieste ao mundo sem tuas asas angelicais
Ó beleza impronunciável, seria esta a razão de um poeta como este ficar sem palavra, sem uma rima sequer?
 
Caminho só e embriagado por entre os túmulos em meio a uma noite mais negra que a morte, e não temo, pois tua luz guia meus passos de peregrino
Meu corpo desfaz consumido pela febre e pela lepra
Vejo multidões vazias de espírito que vagam como defunto-vivos
Como estas criaturas sem razão são vazias, por Deus!
Como podem viver na bestialidade e na ilusão?
Corpos programados para não ser, apenas existir e nada mais
Porém a luz intensa desta beleza me cura
Devolve-me o entendimento, me faz sábio
Desfaço-me compondo versos para louvá-la
E será o bastante?
És abençoado, foste abençoado
Eis o que gritam as vozes que me comem os tímpanos
Agonizo... Deixo de existir, eis minha grande obra, a perfeita criação ela é viva... Respira!
Pra que palavras impressas em papéis que o tempo consome se ela existe?
Se sua existência é a pura poesia?
Para que criar algo se tudo o mais se cala e permanece imóvel na presença dela?
Não preciso mais da poesia, não preciso mais de nada, reina o silêncio profanado apenas por minha voz que sussurra seu nome na escuridão ao pé de seu ouvido em meio à noite, enquanto dormes; um nome que ecoa no vazio da eternidade.
E assim vejo toda criação se curvar ao ouvir seu nome
Lívia, Lívia, Lívia.

Pedro Henrique


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